Resumo sobre a História da Filosofia
O SURGIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA
Passagem do pensamento mítico-religioso ao pensamento filosófico-científico, representando o surgimento da filosofia na Grécia antiga (séc. VI a.C.).
Ruptura entre essas duas formas de pensamento como resultante de transformações na sociedade grega da época, que se seculariza, tornando-se importante a atividade comercial.
O surgimento do pensamento filosófico-científico nas colônias gregas da Jônia é significativo, uma vez que ali se dava um maior contato com outras culturas, levando a uma relativização do mito e das práticas religiosas.
A) a physis
Denominados, estudiosos ou teóricos da natureza. Assim o objeto de investigação dos primeiros filósofos cientistas é o mundo natural;
B) a causalidade
Interpretada em termos estritamente naturais.
C) A arqué
A existência de um elemento primordial (água – Tales de Mileto, ar, fogo).
D) O cosmo
Idéias de ordem, harmonia e beleza (universo).
E) O logos
É fundamentalmente uma explicação, em que razões são dadas, (discurso).
F) O caráter crítico
Teorias onde eram apresentadas como passíveis de serem discutidas, de permitirem formulações e propostas alternativas.
SÓCRATES E OS SOFISTAS
Séc. V a.C., consolidação da democracia grega, principalmente em Atenas.
Importância da arte do discurso e da argumentação para o processo decisório político na democracia.
Os sofistas surgem como mestres de retórica e de oratória.
Os sofistas mais influentes foram Protágoras e Górgias.
Sócrates opõe-se aos sofistas ao defender a necessidade do conhecimento de uma verdade única sobre a natureza das coisas, afastando-se das opiniões e buscando a definição das coisas.
PERÍODO CLÁSSICO – PLATÃO
A filosofia de Platão desenvolve-se a partir dos ensinamentos de seu mestre: Sócrates, o que se reflete, sobretudo nos assim chamados “diálogos socráticos”.
Platão sofre também a influência dos pitagóricos e eleatas, sobretudo após sua primeira viagem à Sicília.
Desenvolve sua concepção filosófica que tem como núcleo à teoria das idéias ou formas.
Para Platão a filosofia é uma forma de saber que possui um caráter essencialmente ético-político.
Nos mitos da Linha dividida e da Caverna, na República, Platão caracteriza esse saber, sua relação com a realidade, o processo pelo qual pode ser obtido e sua dimensão ético-política.
ARISTÓTELES E O SISTEMA ARISTOTÉLICO
Rejeita a teoria das idéias e o dualismo platônico, desenvolvida por Platão.
Como alternativa propõe, em sua Metafísica, uma concepção de real que parte da substância individual, composta de matéria e forma.
Aristóteles valoriza o saber empírico e a ciência natural, e desenvolve uma concepção fortemente sistemática de saber, de grande influência na Antigüidade.
Valoriza igualmente as questões metodológicas, e desenvolve uma lógica que marca profundamente toda a tradição até o período moderno.
O HELENISMO E SUAS PRINCIPAIS CORRENTES: ESTOICISMO, EPICURISMO E CETICISMO
O estoicismo: concebe a filosofia de forma sistemática, composta de três partes fundamentais: a física, a lógica e a ética, cuja relação é explicada através da metáfora da árvore. (inteligência, coragem e justiça).
O epicurismo: valorização da experiência imediata. (felicidade, inteligência prática).
FILOSOFIA MEDIEVAL
Transição do helenismo para o cristianismo: o pensamento filosófico cristão surge no contexto do helenismo.
O pensamento de S. Agostinho (354-430) representa, no contexto do cristianismo, a primeira grande obra filosófica desde a Antigüidade Clássica, abrindo o caminho para o desenvolvimento da filosofia medieval e aproximando o cristianismo do platonismo.
Santo Anselmo de Canterbury (1033-1109) é um dos iniciadores da escolástica e formulador do célebre argumento ontológico, que ilustra o estilo medieval de filosofar e o tratamento de questões aproximando a teologia da filosofia ao investigar racionalmente os fundamentos da fé cristã.
A presença dos árabes na Península Ibérica traz um novo conhecimento da filosofia e da ciência grega, sobretudo de tradição aristotélica, para a Europa ocidental.
A filosofia de S. Tomás de Aquino (1224-74) representa uma aproximação entre o cristianismo e o aristotelismo, trazendo com isso um novo caminho para a abertura da escolástica.
Guilherme de Ockham (1285-1349) é o pensador mais representativo do final da escolástica, autor de uma obra original e controvertida pelas posições que assume na filosofia, na teologia e na política.
FILOSOFIA MODERNA
Modernidade: ruptura com a tradição, oposição entre o antigo e o novo, valorização do novo, ideal de progresso, ênfase na individualidade, rejeição da autoridade institucional.
Causas: grandes transformações como a descoberta das Américas; surgimento de núcleos urbanos, principalmente na Itália; desenvolvimento de atividade econômica mercantil e industrial.
Humanismo Renascentista: importância das artes plásticas, retomada do ideal clássico greco-romano em oposição à escolástica medieval, valorização do homem enquanto indivíduo, de sua livre iniciativa e de sua criatividade.
Reforma Protestante: crítica à autoridade institucional da igreja, valorização da interpretação da mensagem divina nas Escrituras pelo indivíduo, ênfase na fé como experiência individual.
Revolução Científica: rejeição do modelo geocêntrico de cosmo e sua substituição pelo modelo heliocêntrico, noção de espaço infinito, visão da natureza como possuindo uma “linguagem matemática”, ciência ativa X ciência contemplativa antiga.
Redescoberta do Ceticismo: a oposição entre o antigo e moderno suscita a problemática cética do conflito das teorias e da ausência de critério conclusivo para a decisão sobre a validade destas teorias.
DESCARTES E A FILOSOFIA DO COGITO
O pensamento de Descartes tem como pano de fundo as grandes transformações no mundo europeu do séc. XVI-XVII.
Descartes pretende fundamentar a possibilidade do conhecimento científico (da Nova Ciência) encontrando uma verdade inquestionável e refutando o ceticismo.
Adota uma posição racionalista: toma a razão natural como ponto de partida do processo de conhecimento, enfatizando a necessidade do método para “bem conduzir esta razão” em sua aplicação ao real.
Encontra no próprio pensamento a certeza que não pode ser posta em questão pelo cético, já que duvidar é pensar e a dúvida pressupõe o pensamento (argumento do cogito).
O argumento do cogito o coloca diante do solipsismo, um idealismo radical que significa o isolamento da consciência (interioidade) em relação ao mundo exterior.
Descartes recorre à existência de Deus para garantir a correspondência entre o pensamento e o real no processo de conhecimento, retomando alguns pressupostos do realismo escolástico.
A TRADIÇÃO EMPIRISTA: A EXPERIÊNCIA COMO GUIA
O empirismo é, juntamente com o racionalismo, um dos paradigmas fundamentais da filosofia moderna em sua primeira fase (séc. XVI-XVIII).
O empirismo caracteriza-se pela experiência sensível como fonte de conhecimento.
A FILOSOFIA POLÍTICA DO LIBERALISMO E A TRADIÇÃO ILUMINISTA
O liberalismo pode ser visto como o correlato político e do subjetivismo epistemológico característico do séc. XVII-XVIII.
Sua problemática central consiste na necessidade de conciliar os direitos individuais, considerados como naturais, com a necessidade da vida social.
Hobbes, Locke e Rousseau são os pensadores mais importantes que discutiram essa problemática, concordando quanto à concepção de um contrato social como fundamento da sociedade organizada racionalmente, embora divergindo sobre a natureza humana e as características do Estado.
O Iluminismo valoriza o conhecimento como instrumento de liberação e progresso da humanidade, levando o homem à sua autonomia e a sociedade à democracia, ou seja, ao fim da opressão.
A Enciclopédia representa os ideais de conhecimento da época e do papel pedagógico e emancipador do saber.
KANT E A FILOSOFIA CRÍTICA
Kant formula um projeto de filosofia crítica que visa dar conta da possibilidade do homem conhecer o real e de agir livremente.
A Crítica da razão pura contém os princípios básicos da teoria do conhecimento kantiana.
O conhecimento resulta da contribuição das faculdades sensibilidades e do entendimento que constituem o sujeito do conhecimento.
A sensibilidade possibilita que o objeto pensado por conceitos (entendimento) seja determinado espaço-temporalmente como objeto de uma experiência possível.
Kant estabelece uma moral do dever que se fundamenta na racionalidade humana e tem como princípio básico o imperativo categórico.
HEGEL E A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA
O sistema filosófico de Hegel é o último grande sistema da tradição moderna.
Hegel coloca a história no centro de seu sistema, mostrando que o modo de compreensão filosófico é necessariamente histórico.
Critica a filosofia de Kant por não se perguntar nem pela origem nem pelo processo de formação da consciência subjetiva, considerada de um ponto de vista formal e abstrato.
Questiona a dicotomia kantiana entre razão teórica e razão prática, defendendo a unidade da razão.
Em sua interpretação do processo de formação da consciência e da marcha do Espírito até o saber absoluto adota um método dialético.
MARX E A CRÍTICA DA IDEOLOGIA
Marx desenvolve sua filosofia a partir de uma crítica ao idealismo desses pensadores através de seu materialismo histórico.
A filosofia como interpretação do mundo deve dar lugar a um pensamento revolucionário que leve à sua transformação.
A tarefa crítica da filosofia só pode ser exercida através de um pensamento que inclua uma análise sociológica, política, histórica e econômica da realidade.
Essa tarefa crítica consiste, principalmente, no desmascaramento da ideologia, ou “falsa consciência”.
A filosofia de Marx teve grande influência na formação do pensamento contemporâneo, dando origem a várias correntes de pensamento marxista.
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
O pensamento contemporâneo resulta de uma tentativa de encontrar respostas à crise do projeto filosófico da modernidade.
Sua principais correntes visam seja atualizar o racionalismo e o fundacionalismo característicos da filosofia moderna, seja romper com esta tradição em direção a novas alternativas a partir da influência de filósofos como Heidegger e Wittgenstein.
Um dos aspectos centrais dessa crise é o questionamento da subjetividade como ponto de partida da tentativa de fundamentação do conhecimento e da ética.
A linguagem passa a ser vista, em diferentes perspectivas, como uma alternativa para a reflexão filosófica.
Fonte: Iniciação a história da filosofia dos pré-socráticos a Wittgenstein. Jorge Zahar Editor.